Hoje, dia 1º de março é
aniversário da minha cidade natal: o Rio de Janeiro. Todo carioca tem uma
relação de amor com a cidade onde nasceu, cresceu e se criou. A mesma relação,
creio eu, que os “cariocas postiços” também desenvolvem depois de algum tempo
morando no Rio. A cidade é apaixonante, não se pode negar. Não apenas pelas suas
belezas naturais, cantadas em verso e prosa, mas também (eu diria principalmente)
pela sua cultura urbana. Pela relação que o habitante da cidade desenvolve cotidianamente
com o espaço urbano no qual transita. Mas que, para o carioca, não é apenas
lugar de passagem de um destino para outro. O carioca, natural ou postiço,
adora estar no espaço urbano e participar da cultura que se constrói nesse
espaço. A casa para ele é apenas local de descanso. E é curioso que continue sendo
assim apesar de toda a violência que marca o espaço urbano do Rio de Janeiro há
décadas. E, se a violência persiste, apesar de toda propaganda das UPPs, o
carioca que ama a sua cidade também resiste a deixar de circular no espaço
urbano.
Apesar de não morar mais no Rio há
quase 4 anos, ainda visito frequentemente a cidade, a trabalho ou a passeio
para visitar familiares. Ainda continuo muito ligado à cidade, como dá para
perceber facilmente lendo as postagens desse blog. Dessa forma, se eu não moro
mais no Rio, pelo menos posso afirmar que o Rio ainda mora em mim. Mas esse
texto não é sobre o meu amor ao Rio (ou, pelo menos, não somente sobre isso). É
sobre o aniversário da cidade. Uma curiosidade interessante a esse respeito é o
fato de que hoje não é feriado no Rio. Como era de se esperar e como acontece
em outras cidades. E talvez por isso, muitos cariocas não lembrem (ou mesmo não
saibam) a data de aniversário da cidade. Muitos a confundem com o dia 20 de
janeiro, dia de São Sebastião, padroeiro do Rio de Janeiro. Esse sim um dia de
feriado. Sempre me perguntei pelo motivo dessa inversão, no mínimo, curiosa, para
não dizer estranha. Mas nunca consegui encontrar uma resposta satisfatória (leia-se
historicamente justificável). O fato é que hoje é dia útil no Rio. E será (já
está sendo) um dia útil complicado, pois é o início de (mais) uma greve de ônibus.
Pelo menos, nesse ano o aniversário da cidade caiu numa sexta-feira e quem
quiser comemorar a data poderá esticar até mais tarde, depois do expediente, no
bar da sua preferência. Hábito que já faz parte daquela cultura urbana carioca
a qual eu me referi no parágrafo anterior.
Mas, assim como acontece com muitos
de nós, que aproveitamos o dia do nosso aniversário não apenas para comemorarmos,
mas também para refletir sobre a nossa vida, fazendo um balanço do ano que se
encerra e alinhavando planos e projetos para os anos de vida que ainda estão
por vir; o dia do aniversário da cidade também é uma boa oportunidade para
refletirmos sobre a vida da cidade e, também, sobre a vida na cidade. Sobretudo,
é uma boa oportunidade para nos perguntarmos se o Rio de Janeiro de hoje, esse
que faz 448 aninhos de vida, ostentando títulos tais como os de Patrimônio da
Humanidade e Cidade Olímpica, é o Rio de Janeiro no qual queremos viver. Se essa
é a Cidade Maravilhosa da qual você tem orgulho de dizer que é natural e na
qual você tem orgulho de viver.
Então, esse pequeno texto é apenas
para sugerir que você aproveite essa data simbólica e, aí mesmo onde você
estiver, de pé ou sentado, na chuva ou debaixo da marquise, reflita se essa é a
cidade que você gostaria de morar. E, se não é, o que falta para que seja. E o
que você pode fazer para que ela se torne. Aproveite que o ônibus vai demorar a
aparecer (se aparecer), que você vai demorar para conseguir um espacinho para
entrar nos vagões lotados do metrô ou do
trem e que o trânsito está engarrafado. É talvez seja melhor mesmo parar no
bar.
"É, talvez seja melhor mesmo parar no bar". hahahaha
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