Hoje logo cedo,
ao entrar na internet para ler meus e-mails, me deparei com a propaganda de uma
montadora de automóveis que simulava uma questão de múltipla escolha. A questão
era a seguinte: Quanto tempo por dia você passa dentro do seu carro? E as 3
alternativas de resposta eram algo do tipo: a) de 1 a 2 horas; b) de 2 a 3 horas; c) de 3 a 4 horas. A intenção da propaganda era dizer que se você passa tanto tempo
dentro do seu carro, você precisa de um carro mais confortável. Provavelmente o
carro que estava sendo anunciado. Ao bater os olhos na propaganda já percebi
que tinha alguma coisa errada na sua lógica. Parei para pensar e a conclusão a que cheguei foi que,
se você passa mais de três horas por dia dentro do seu carro tem alguma coisa
muito errada na forma como está sendo conduzida a política de transporte da sua cidade. Seja a sua cidade de que tamanho for, seja qual for a distância entre a origem e o destino da sua viagem, em nome da
sua qualidade de vida, é inaceitável que você passe mais de 3 horas em deslocamento! Se você passa mais de três horas dentro do seu carro,
você não precisa mudar de carro. Você precisa mudar de cidade! Ou mudar a sua
cidade.
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sexta-feira, 24 de agosto de 2012
quarta-feira, 22 de agosto de 2012
A CIDADE E OS EVENTOS - BENEFÍCIOS OU LEGADOS?
A principal justificativa
que tenho visto ser levantada por aqueles que têm apoiado a reeleição do atual prefeito
do Rio de Janeiro é o fato de que finalmente agora, depois de muito tempo, o
Rio de Janeiro conta com uma administração municipal alinhada com as
administrações estadual e federal. Eu consigo compreender perfeitamente esse
argumento. Até porque o Rio de Janeiro enfrentou décadas de prefeitos que
faziam oposição a governadores e a Presidentes, ou vice-versa, e que por isso
não conseguia a liberação de verbas federais para a realização de projetos municipais
e estaduais. Segundo essa argumentação, uma administração municipal aliada ao
Governo do Estado e à Presidência da República, garantiria o recebimento dessas
verbas. A questão é: de que adianta haver esse alinhamento se isso não se reverte
em benefícios para a cidade? Essas mesmas pessoas podem argumentar que a
realização dos mega-eventos que se aproximam, como a Copa do Mundo e as
Olimpíadas, são exemplos de benefícios para a cidade ou que, deixarão no seu
“legado” um rastro de benefícios para a cidade. Eu creio que quem defende essa
ideia está apenas comprando acriticamente o discurso justificativo dado por
aqueles que estão interessados em promover esses eventos tendo em vista não
benefícios para a cidade, mas benefícios particulares.
Essas pessoas
estão deixando de se perguntar, e portanto deixando de perceber, quem está
sendo realmente beneficiado (pelo menos, até o momento) com a realização desses
eventos. Quem está se beneficiando com obras que, 2 anos antes da Copa do Mundo
e 4 anos antes das Olimpíadas já estão superfaturadas. Me parece que essas pessoas
estão pensando nos benefícios para a cidade como algo alheio aos benefícios
para os habitantes da cidade. Como benefícios para si, para os moradores do seu
bairro, para os moradores das áreas próximas à realização desses eventos. Porém,
a cidade não é uma entidade abstrata alheia aos seus habitantes. Perguntar se
as ações da administração municipal, tenham elas em vista a realização dos
mega-eventos ou não, estão gerando benefícios para a cidade é perguntar se
estão gerando benefícios para os seus moradores. Como o carioca tem sido
beneficiado pelas medidas que estão sendo tomadas para a realização dos
eventos? O carioca tem visto melhorias no sistema de transporte, no sistema de
saúde, na democratização do acesso ao lazer e à cultura? Não é isso que temos
visto em matérias que alertam para o fato de que morar no Rio está mais caro do
que morar em Nova York (http://puc-riodigital.com.puc-rio.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=13343&sid=13#.UDJyCGGyMV8)
de que a região metropolitana do Rio é hoje a pior do país em mobilidade urbana
(http://puc-riodigital.com.puc-rio.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=12488&sid=148),
sem falar em medidas arbitrárias como as remoções de favelas de áreas onde
serão realizadas as competições ou de áreas de grande visibilidade da cidade, como os casos da Vila Autódromo e do Morro da Providência (http://www.nytimes.com/2012/08/13/opinion/em-nome-do-futuro-rio-esta-destruindo-o-passado.html?_r=1&ref=opinion).
Com certeza, essas não são medidas que estão beneficiando o morador do Rio de
Janeiro, por mais que o discurso da administração afirme o contrário ou prometa
para o futuro os verdadeiros benefícios desses eventos.
É importante
ter em mente que esses benefícios têm que começar a ser sentidos no cotidiano
da população agora e não apenas após a realização dos eventos. Ou então, ficaremos mais uma vez a ver navios
a espera do “legado” desses eventos assim como estamos até hoje à espera do
“legado” dos Jogos Pan-Americanos realizados no Rio de Janeiro em 2007.
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